Vereador cancela CPI a pedido De Eduardo e Palmas Segue Crise do Transporte Coletivo

A crise do transporte público em Palmas se arrasta com um impasse financeiro que já soma mais de R$ 10 milhões em débitos, uma empresa ameaçando rescindir contrato e um prefeito que, ao que tudo indica, prefere não atribuir responsabilidades à gestão anterior. Enquanto isso, um vereador que pressionava pela solução do problema mudou de tom após pedido direto do chefe do Executivo municipal.

O impasse milionário e a tentativa de negociação

A Agência Tocantinense de Transporte Coletivo de Palmas (ATCP) enfrenta uma batalha contratual com a Sightseeing Rio Transporte de Passageiros Ltda., responsável pela locação dos ônibus que circulam na capital. A empresa notificou a prefeitura sobre a intenção de romper unilateralmente o contrato devido à falta de pagamento referente ao último trimestre de 2024 e parte de janeiro de 2025. Segundo os documentos apresentados, os valores em aberto chegam a R$ 10.022.053,95.

Apesar da gravidade da situação, a prefeitura inicialmente ignorou os pedidos da empresa por uma reunião. No entanto, após a ameaça de suspensão dos serviços e a possibilidade de uma judicialização do caso, o prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) recuou e abriu espaço para uma negociação. A Sightseeing então suspendeu a vistoria que retiraria os ônibus das ruas e iniciou conversas para um possível acordo.

Eduardo Siqueira protege a gestão anterior?

A postura da atual gestão levanta questionamentos. Apesar de alegar que os débitos se referem à administração passada, de Cinthia Ribeiro (PSDB), Eduardo Siqueira Campos tem evitado adotar um discurso de responsabilização direta. A Controladoria-Geral do Município já apontou oficialmente que há pagamentos em atraso, incluindo valores referentes ao próprio mês de janeiro de 2025. No entanto, o prefeito segue minimizando a crise e focando na tentativa de evitar um embate público com sua antecessora.

Essa estratégia de evitar atritos levanta suspeitas sobre as reais intenções da gestão. Ao não adotar um posicionamento mais duro sobre a herança recebida, Eduardo Siqueira parece agir mais para preservar aliados políticos do que para resolver a crise que afeta milhares de usuários do transporte coletivo.

Vereador recua após pedido do prefeito

Outro fator que chamou atenção foi a mudança de postura de um vereador que vinha cobrando publicamente uma solução para o impasse. O parlamentar, que nos bastidores vinha pressionando a prefeitura para resolver os atrasos, reduziu drasticamente suas críticas após um pedido direto do prefeito. A mudança de tom gerou desconfiança entre colegas da Câmara Municipal e deixou clara a influência do Executivo na narrativa sobre o transporte público da cidade.

Decreto e a promessa de solução estrutural

Diante da crise, a Prefeitura de Palmas anunciou um novo processo licitatório para a concessão do serviço de transporte coletivo. O Decreto nº 2.640 prevê a contratação de uma nova empresa por um período de 20 anos, com possibilidade de prorrogação. A expectativa é que a licitação resolva problemas estruturais, mas especialistas alertam que o processo pode levar meses, deixando a população à mercê de um serviço instável e de um sistema de transporte sem garantias concretas de melhorias a curto prazo.

Enquanto isso, a população sofre

Enquanto políticos se preocupam com a manutenção de alianças e discursos moderados, quem realmente sofre com a situação são os cidadãos de Palmas. A incerteza sobre a continuidade dos serviços, a falta de transparência sobre os pagamentos e a dificuldade de acesso a informações concretas deixam a população refém de um transporte coletivo precário. A questão que fica é: a gestão de Eduardo Siqueira Campos conseguirá equilibrar sua necessidade política de evitar atritos com Cinthia Ribeiro e, ao mesmo tempo, resolver de fato a crise do transporte público? Ou Palmas continuará pagando o preço por disputas que acontecem longe dos pontos de ônibus?