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“Viagem com Jesus”: Secretaria de Educação de Palmas contrata empresa sem licitação por R$ 1,3 milhão para transportar educadores




Por Sônia Miranda


Há mais de 20 dias, acompanho de perto uma negociação que agora se confirma: a Secretaria Municipal de Educação de Palmas firmou contrato com a empresa Viagem com Jesus, sem licitação, no valor de R$ 1.351.000,00. O extrato foi publicado no Diário Oficial do Município do dia 16 de abril e tem como objetivo o transporte de educadores para os distritos de Buritirana e Taquaruçu.


O contrato chama atenção não apenas pelo valor milionário, mas também pela dispensa de licitação, o que contraria o princípio da razoabilidade e da economicidade da administração pública. Não há qualquer situação emergencial no transporte de educadores nesses distritos que justificasse a urgência. O ano letivo segue seu curso regular de 200 dias – sem surpresas, sem imprevistos.


Façamos as contas:


Se dividirmos R$ 1.351.000,00 por 200 dias letivos, temos um custo de R$ 6.755 por dia.


Supondo que o transporte atenda 40 educadores, o valor diário por profissional é de R$ 168,87 – o que ultrapassa o custo de uma passagem de ônibus entre Palmas e Goiânia, que varia entre R$ 124 e R$ 168, ida e volta, em empresas de transporte regular.


Contudo, segundo fontes ligadas à própria Secretaria, o número real de educadores transportados não chega sequer a 10. Neste cenário, o custo diário por profissional sobe para absurdos R$ 675,50.


O contrato foi assinado pela secretária de Educação, Débora Guedes, e por um representante da empresa Viagem com Jesus. Curiosamente, o contrato não especifica o período de prestação dos serviços, mas no extrato publicado consta vigência de seis meses, com possibilidade de renovação – o que poderia dobrar os valores.


A situação se torna ainda mais controversa quando investigamos a origem da empresa. Inicialmente, o CNPJ informado não batia com o da assinatura do contrato. Havia registros de uma empresa de nome idêntico, com sede em São Paulo e inativa na Receita Federal. Hoje, já se sabe que o sócio-administrador da empresa contratada pertence à mesma congregação religiosa da secretária de Educação, a missionária Débora Guedes.


O que era para ser apenas transporte virou um escândalo de gestão e religiosidade misturada com dinheiro público.


Na dúvida, melhor verificar o itinerário: pode ser mesmo que a viagem com Jesus seja a mais cara do Brasil. E o contribuinte palmense, mais uma vez, é quem paga a conta.


Texto adaptado da publicação dos stories da Jornalista Sônia Miranda @soniamirandapalmas

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